Esse foi o clima que o levou de volta à “Caught Stealing”, livro escrito por Charlie Huston em 2004, que narra a enorme confusão envolvendo seu protagonista, o bartender com a vida às avessas Hank Thompson, na Nova York do fim dos anos 1990. “Quando li o livro há quinze anos, achei que capturava um certo momento divertido e cheio de vida da cidade”, lembra Aronofsky. “Não consegui os direitos à época, até que Charlie me procurou há uns três anos perguntando se eu ainda tinha interesse.”

A partir desse encontro, Huston e Aronofsky trabalharam por mais um ano no roteiro para capturar não só a energia certa de seus personagens, mas também o clima de Nova York na época retratada no livro, um momento talvez menos complicado e culturalmente mais rico. “O mundo inteiro era menos complicado”, diverte-se o diretor com um sorriso.
“Eu gosto de imaginar Nova York na virada do milênio como o auge da humanidade”, continua. “Pensa bem, a maior ameaça que o planeta enfrentava era o bug do milênio, e o presidente estava encrendado tão somente com um caso extraconjugal.” Darren lembra que, culturalmente, a atmosfera também era outra: “O punk era grande, o grunge era enorme, o hip hop era um absurdo, a música eletrônica estava despertando. Havia muito potencial e muita esperança paa o novo milênio”.
Curiosamente, para retratar essa época Darren Aronofsky voltou ainda mais ao passado em busca das referências certas. Não somente na arquitetura da cidade, que eles modificaram para as cenas rodadas nas ruas, mas também na “nova Hollwyood” e o cinema mais visceral e cru dos anos 1970. “O grande diretor nova-iorquino Sidney Lumet (que na verdade nasceu na Filadélfia) fez filmes incríveis sobre a cidade, como ‘Um Dia de Cão'”, aponta. “Ele foi o grande patrono de ‘Ladrões’.”

Fonte UOL