EUA fecham acordo de US$ 80 bi para reatores nucleares – 28/10/2025 – Mercado

O governo dos Estados Unidos e os controladores da Westinghouse firmaram um acordo de US$ 80 bilhões (R$ 429 bi) para construir uma nova frota de reatores nucleares. O projeto contará com financiamento proveniente de um pacto comercial com o Japão.

A Brookfield Asset Management e a Cameco, proprietárias da Westinghouse, informaram que criaram uma nova parceria para fornecer a tecnologia dos reatores, parte do esforço do presidente Donald Trump para quadruplicar a capacidade nuclear americana até 2050.

Segundo a Brookfield, o investimento anunciado nesta terça-feira (28) deve financiar cerca de oito usinas AP1000 da Westinghouse, ou uma combinação entre grandes instalações e reatores modulares de pequeno porte.

A participação japonesa reforça o uso que Trump tem feito de acordos comerciais estratégicos para garantir o fornecimento de energia e insumos minerais essenciais. O compromisso de gastos de Washington será financiado por um acordo de US$ 550 bilhões (R$ 2,9 tri) com Tóquio, endossado durante o primeiro encontro do republicano com a nova primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi.

De acordo com um documento do Ministério da Economia do Japão, o pacto prevê até US$ 100 bilhões (R$ 536,3 bi) em recursos para o governo americano investir em reatores da Westinghouse.

As negociações foram conduzidas nos últimos meses pelo secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e por executivos da Brookfield. O processo se acelerou com a viagem de Trump à Ásia para selar o acordo e iniciar novas tratativas comerciais com a China, segundo uma fonte com conhecimento do assunto. O presidente da Brookfield, Bruce Flatt, acompanhou Trump e sua equipe durante a assinatura do pacto no Japão.

Washington deverá ajudar a Westinghouse a obter terrenos e licenças para as usinas e poderá oferecer garantias de empréstimos ou apoio diplomático para conquistar novos contratos internacionais.

O acordo também inclui um mecanismo de participação nos lucros que pode permitir ao governo americano adquirir uma participação acionária de até 20% na Westinghouse e forçar sua futura abertura de capital.

Caso o investimento total de US$ 80 bilhões seja aplicado, os EUA terão direito a 20% dos lucros da empresa após o pagamento de US$ 17,5 bilhões (R$ 93,8 bi) aos atuais acionistas, informou a Cameco. O governo poderá ainda exigir que a Westinghouse se torne uma companhia aberta caso seu valor de mercado ultrapasse US$ 30 bilhões (R$ 160,9 bi) até 2029, convertendo sua fatia nos lucros em ações.

Segundo a Cameco, esses direitos foram concedidos “em reconhecimento ao papel do governo dos EUA na aceleração da criação de valor de longo prazo”, por meio de instrumentos financeiros, regulatórios, políticos e diplomáticos que devem impulsionar a parceria.

Trump determinou que a indústria nuclear americana agilizasse o desenvolvimento de grandes e pequenos reatores para atingir uma meta de 400 gigawatts de capacidade instalada até 2050. A diretriz estimulou o setor e atraiu novos investimentos, embora persistam dúvidas sobre a disposição de Washington em assumir os riscos financeiros da construção das usinas.

Os dois últimos reatores nucleares erguidos nos EUA, no complexo de Vogtle, na Geórgia, sofreram anos de atrasos e custos superiores ao dobro do orçamento original de US$ 14 bilhões (R$ 75 bi), o que levou a Westinghouse a pedir recuperação judicial em 2017.

Agora, a empresa afirma que seu reator AP1000 é um projeto comprovado e replicável, pronto para ser implantado em escala.

A Brookfield, por meio de seu fundo de transição energética, e a Cameco compraram a Westinghouse em 2022, por cerca de US$ 4 bilhões (R$ 21,4 bi). Segundo uma pessoa próxima às negociações, o governo dos EUA não terá direito a assento no conselho como parte do acordo.



Fonte UOL

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