As disputas societárias e empresariais no Brasil têm se tornado cada vez mais complexas, especialmente em operações de fusões e aquisições (M&A).
Em um ambiente marcado por incertezas no Judiciário e pela necessidade de agilidade nas negociações, cresce a busca por alternativas que garantam segurança, celeridade e preservação de valor. Nesse contexto, a mediação extrajudicial desponta como um instrumento estratégico para empresas, investidores e advogados.
Dados recentes mostram que o tempo médio de resolução de disputas no Judiciário pode ultrapassar cinco anos em processos de grande porte. Esse cenário gera insegurança para empresas que precisam de soluções rápidas para proteger ativos, contratos e reputações. A mediação, por sua vez, oferece uma via mais ágil, pautada no diálogo e no consenso, reduzindo custos e preservando relações comerciais.
Segundo o advogado João Luiz de Morais Erse, especialista em M&A, mercado financeiro e Oil & Gas, a demanda por mediação cresceu de forma significativa na última década. “Empresas e sócios têm cada vez mais evitado levar disputas para o Judiciário. As incertezas e os riscos envolvidos fazem da mediação uma alternativa capaz de preservar negócios e construir soluções de longo prazo”, afirma.

A prática tem ganhado destaque especialmente em operações societárias, onde a confidencialidade e a rapidez do processo são essenciais. Em casos de divergências entre sócios, reestruturações empresariais ou conflitos durante a execução de contratos de M&A, a mediação permite alinhar interesses sem paralisar negócios estratégicos.
João Erse, que atuou em algumas das maiores negociações do país e acumulou experiência internacional em governança corporativa, destaca que o movimento segue uma tendência global. “O mercado internacional já trata a mediação como ferramenta essencial para grandes transações. O Brasil está avançando nessa direção, e vejo que cada vez mais investidores e companhias multinacionais exigem cláusulas de mediação em contratos”, explica.
Para especialistas, a consolidação da mediação extrajudicial depende também de um maior engajamento do setor jurídico e empresarial em incorporar o método como prática comum. Escritórios de advocacia e departamentos jurídicos internos têm papel fundamental ao propor cláusulas de mediação em contratos e treinar equipes para lidar com negociações complexas fora da esfera judicial.
Com a crescente demanda por soluções rápidas e eficazes, a mediação extrajudicial se firma como tendência irreversível no mercado de fusões e aquisições no Brasil. Mais do que uma alternativa ao litígio, o método representa uma mudança de mentalidade: a de que a melhor solução para disputas empresariais nem sempre está em uma sentença, mas em um acordo sólido que preserve negócios e gere valor.
