Sete países exigem governo palestino em Gaza – 03/11/2025 – Mundo

Sete países de maioria muçulmana que se reuniram nesta segunda-feira (3) em Istambul para discutir o futuro da Faixa de Gaza defenderam que o território seja governado exclusivamente por palestinos.

O grupo, formado por Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Paquistão, Indonésia e Turquia, também rejeitou qualquer forma de tutela externa.

“O povo palestino deve se autogovernar e garantir a própria segurança”, afirmou o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, após o encontro com seus homólogos. Ele também destacou a “necessidade urgente” de reconstrução do território, devastado por dois anos de guerra, e do retorno dos deslocados, sem impor “um novo sistema de tutela”.

O encontro ocorreu para discutir o frágil cessar-fogo costurado pelos Estados Unidos, que corre risco de cair por terra, após acusações mútuas de violações entre Israel e o grupo terrorista Hamas.

Os chanceleres dos sete países, todos membros da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), foram recebidos pelo presidente dos EUA, Donald Trump, no fim de setembro, em Nova York, à margem da Assembleia-Geral da ONU.

O encontro ocorreu seis dias antes da apresentação do plano de paz do americano, que consiste em 20 pontos. Os mediadores ainda enfrentam a difícil tarefa de garantir uma solução política de longo prazo e definir algumas questões delicadas que levaram ao fracasso de tentativas de paz anteriores —como o desarmamento do grupo terrorista Hamas e a natureza exata do governo tecnocrático que deve assumir o controle do território palestino .

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, criticou o que chamou de postura medíocre de Israel desde o início do cessar-fogo no último dia 10 e afirmou que o Hamas “parece comprometido” com o acordo.

Ele pediu que mais ajuda humanitária seja levada aos habitantes de Gaza e que a reconstrução do território seja iniciada, indicando que a Liga Árabe e a OCI deveriam assumir um “papel de liderança”.

Antes do encontro desta segunda, o chanceler turco havia recebido no sábado uma delegação do Hamas liderada por Khalil al-Hayya, principal negociador da facção. Fidan afirmou que a criação de uma força internacional de estabilização em Gaza exigirá tempo.

A Turquia, membro da Otan, tem sido uma das críticas mais veementes à ofensiva israelense de dois anos contra Gaza, chamando-a de genocídio —o que Israel nega. Com o incentivo dos EUA, Ancara emergiu como um ator-chave nas negociações de cessar-fogo e expressando o desejo de participar das forças de monitoramento da implementação do acordo de paz.

Israel, que considera a Turquia próxima demais do Hamas, expressou em várias ocasiões sua oposição à participação do país nessa força internacional. De acordo com o plano de Trump, essa força seria composta por tropas de países árabes e muçulmanos e seria implantada conforme as forças israelenses se retirassem.

Ainda assim, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, advertiu que apenas países considerados imparciais poderão integrá-la. Como exemplo da desconfiança, uma equipe turca de resgate enviada para colaborar na busca pelos corpos de reféns em Gaza ainda aguarda autorização para entrar no território palestino. Apenas equipes da Cruz Vermelha e do Egito tiveram permissão.

O Hamas entregou os restos de 20 dos 28 reféns mortos que permaneciam no território e que deveriam ser devolvidos no início da trégua em outubro. Os sucessivos atrasos na entrega provocaram indignação no governo israelense.

Segundo o Hamas, localizar os cadáveres está sendo uma tarefa “complexa e difícil”, em um território reduzido a ruínas.



Fonte UOL

Popular

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leia mais