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Gel revolucionário é capaz de reverter a erosão do esmalte dentário

Pesquisadores da Universidade de Nottingham desenvolveram um gel capaz de reconstruir o esmalte dos dentes, um feito inédito na odontologia moderna. O produto usa íons presentes na própria saliva para formar uma nova camada protetora, prometendo revolucionar o tratamento contra a erosão dentária e a sensibilidade.

Até agora, o esmalte — camada mais resistente do corpo humano — não podia ser regenerado, explica matéria da New Atlas. O novo gel à base de proteína, no entanto, mostrou em testes de laboratório a capacidade de reconstruí-lo de forma natural e duradoura.

A erosão dentária é uma das principais causas das cáries. O gel permite a criação de nanoscristais que contribuem para a restauração da estrutura do dente e garante resistência.
A erosão dentária é uma das principais causas das cáries. O gel permite a criação de nanoscristais que contribuem para a restauração da estrutura do dente e garante resistência. Imagem: Narongrit Doungmanee/iStock

Como o gel funciona

O produto forma uma película sobre o dente e atrai íons de cálcio e fosfato da saliva, iniciando um processo chamado mineralização epitaxial. Essa reação cria nanocristais que se fundem ao esmalte existente, restaurando sua estrutura e resistência originais.

O esmalte dos dentes possui uma estrutura única, que protege nossos dentes contra agressões físicas, químicas e térmicas. Quando nosso material é aplicado, ele promove o crescimento de cristais integrados e organizados, recuperando a arquitetura natural e saudável.

Abshar Hasan, pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Nottingham, à New Atlas.

Imagens de microscopia eletrônica de um dente com esmalte desmineralizado mostrando cristais de apatita erodidos (esquerda) e um dente desmineralizado semelhante após um tratamento com gel de duas semanas, mostrando cristais de esmalte regenerados epitaxialmente (direita).
Imagens de microscopia eletrônica de um dente com esmalte desmineralizado mostrando cristais de apatita erodidos (esquerda) e um dente desmineralizado semelhante após um tratamento com gel de duas semanas, mostrando cristais de esmalte regenerados epitaxialmente (direita). Imagem: Divulgação/Universidade de Nottingham

Testes promissores em dentes humanos

Os experimentos foram realizados em dentes humanos extraídos. Os pesquisadores aplicaram o gel biomimético e o expuseram a soluções que imitavam a saliva. Em cerca de dez dias, o revestimento atraiu íons e gerou o crescimento de cristais de fluorapatita, semelhantes ao esmalte natural.

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Microscópios eletrônicos mostraram que a nova camada se integrava perfeitamente à original, e testes de resistência confirmaram sua durabilidade. Mesmo após simulações de escovação intensa e mastigação, o novo esmalte mostrou-se mais resistente a fraturas e à ação de ácidos.

Isso pode ser um alívio para as mais de 3,7 bilhões de pessoas que sofrem algum tipo de doença bucal, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, sendo que a erosão do esmalte é uma das principais causas da cárie. Atualmente, o flúor presente na água que consumimos ajuda na prevenção, mas não é capaz de regenerar o que já foi perdido.

Apesar de flúor presente na água que consumimos e na pasta de dente ajudar na prevenção, ele não é capaz de regenerar o que já foi perdido.Imagem: Billion Photos/Shutterstock

Causas mais comuns da erosão do esmalte

  • Consumo frequente de alimentos e bebidas ácidas (como refrigerantes e sucos de frutas).
  • Bruxismo (ranger dos dentes).
  • Escovação excessiva ou com força.
  • Refluxo gástrico.
  • Boca seca e falta de saliva.

Segundo Álvaro Mata, professor de Engenharia Biomédica e Biomateriais da Universidade de Nottingham, “[o gel] é seguro, pode ser aplicado de forma fácil e rápida, e é escalável. Além disso, a tecnologia é versátil e pode ser adaptada para diversos produtos.” Mata comenta que a startup Mintech-Bio já trabalha para lançar o primeiro produto comercial no próximo ano.

Entretanto, os pesquisadores ressaltam que os resultados ainda são preliminares, já que os testes foram feitos fora do corpo humano. A camada formada é extremamente fina em comparação com o esmalte natural, e sua durabilidade em longo prazo ainda precisa ser avaliada. Mesmo assim, o gel representa um passo promissor na regeneração do esmalte dentário.




Fonte Olhar Digital

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