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Educação Física e responsabilidade social: limites legais e reconhecimento institucional em projetos comunitários

A Educação Física, quando aplicada em projetos sociais, ultrapassa os limites da prática esportiva e passa a dialogar diretamente com a responsabilidade social, a saúde pública e o ordenamento jurídico.

No Brasil, iniciativas comunitárias que utilizam o movimento como ferramenta de inclusão e bem-estar vêm ganhando espaço, mas também levantam debates sobre regulamentação, parcerias públicas e responsabilidades legais dos profissionais envolvidos.

Do ponto de vista normativo, a atuação do educador físico é regulada pelo Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e pelos conselhos regionais (CREFs), que estabelecem parâmetros técnicos e éticos para o exercício da profissão. Projetos comunitários que oferecem atividades físicas devem estar alinhados a essas diretrizes, garantindo não apenas segurança e qualidade, mas também a responsabilidade legal do profissional que coordena a iniciativa.

Além da regulação profissional, há a dimensão das parcerias públicas. Muitos projetos sociais dependem de apoio de secretarias municipais de saúde, educação ou esporte, seja por meio de cessão de espaços, patrocínios ou reconhecimento institucional. Nesse contexto, torna-se fundamental compreender os limites legais dessas parcerias, que exigem transparência, prestação de contas e observância às normas de contratação pública.

A educadora física Sarah Cristine Pereira Precinoti, com mais de 10 anos de atuação em projetos comunitários, destaca que o reconhecimento institucional é importante, mas precisa vir acompanhado de segurança jurídica. “Quando levamos atividades físicas para escolas, asilos ou hospitais, não estamos apenas promovendo saúde. Estamos assumindo uma responsabilidade legal sobre a integridade dessas pessoas. Por isso, é essencial que os projetos sejam formalizados e respeitem as normas da profissão”, explica.

Sarah Cristine

Casos como o projeto Ribeirão Vermelho, idealizado em Ribeirão Preto e aprovado pela Câmara Municipal, demonstram como iniciativas bem estruturadas podem ganhar respaldo legal e gerar impacto concreto. A mobilização resultou em aumento de 18% nas doações de sangue da cidade, mostrando que a Educação Física, integrada a políticas públicas, pode atuar como instrumento de saúde coletiva.

Ainda assim, desafios permanecem. A ausência de regulamentação específica para alguns modelos de projetos sociais abre brechas para questionamentos jurídicos em situações de acidentes ou falhas na condução das atividades. Especialistas apontam a necessidade de maior integração entre órgãos públicos, conselhos profissionais e entidades sociais para criar normas claras que incentivem o desenvolvimento dessas iniciativas sem comprometer a segurança jurídica dos profissionais.

Para Sarah, o caminho está na profissionalização e na transparência. “Projetos sociais não podem ser encarados apenas como boa vontade. Eles precisam ter estrutura, responsabilidade técnica e respaldo jurídico para que cumpram seu propósito com segurança e efetividade”, conclui.

Assim, a Educação Física em projetos comunitários precisa ser vista não apenas como ação voluntária ou esportiva, mas como campo de responsabilidade social que exige reconhecimento institucional e cumprimento de normas legais. Ao mesmo tempo em que transforma vidas, deve garantir a proteção jurídica dos beneficiários e dos profissionais envolvidos.

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