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Tudo sobre Inteligência Artificial
Mais de 200 contratados que trabalhavam avaliando e aprimorando produtos de inteligência artificial do Google, incluindo o chatbot Gemini e outros recursos de AI Overviews, foram demitidos abruptamente em pelo menos duas rodadas de cortes no mês passado. As demissões ocorrem em meio a disputas sobre salários, segurança no emprego e condições de trabalho, de acordo com relatos de funcionários à revista Wired.
Nos últimos anos, o Google terceirizou grande parte de seu trabalho de avaliação de IA para empresas como a GlobalLogic, pertencente à Hitachi, que emprega “super raters” com mestrado ou doutorado para revisar, editar e aprimorar respostas geradas pela IA. Esses profissionais desempenham papel crucial ao ensinar os sistemas de IA a oferecer respostas mais humanas e precisas, assim como acontece com moderadores de conteúdo em redes sociais.

Profissionais qualificados enfrentam insegurança no emprego
Os trabalhadores afetados, que incluem escritores, professores e profissionais de áreas criativas, relatam que os cortes foram realizados sem aviso prévio. Alguns receberam apenas um e-mail informando que seriam desligados devido a “ramp-down” do projeto.
Andrew Lauzon, contratado em março de 2024, disse:
“Eu fui simplesmente desligado. Perguntei o motivo e disseram ‘redução do projeto’, seja lá o que isso significa.”
Além disso, documentos internos indicam que a GlobalLogic estaria utilizando os próprios raters humanos para treinar sistemas de IA capazes de substituir seus trabalhos, criando um clima de insegurança entre os funcionários restantes. A exigência de retorno ao escritório em Austin, Texas, também afetou profissionais com limitações financeiras, físicas ou de cuidado familiar.
Mesmo com funções especializadas e de alta responsabilidade, muitos relatam baixos salários, falta de benefícios e condições de trabalho desfavoráveis. Tentativas de sindicalização realizadas no início do ano teriam sido reprimidas, e alguns trabalhadores alegam retaliação após protestos por transparência salarial e melhores condições.

Impacto e reação internacional
A situação no Google reflete um padrão global observado em empresas de terceirização de dados de IA. Especialistas alertam que trabalhadores que tentam se organizar frequentemente enfrentam demissões ou repressão.
Entre os relatos coletados:
- Super raters ganhavam entre US$ 28 e US$ 32 por hora; contratados terceirizados recebiam apenas US$ 18 a US$ 22 pela mesma função;
- A comunicação entre colegas, antes feita em grupos sociais internos, foi bloqueada durante o expediente;
- Pressão por métricas de produtividade levou a aumento de estresse e queda na qualidade do trabalho;
- Trabalhadores que levantaram questões sobre salários ou políticas foram desligados.
Pesquisadores em direitos trabalhistas e associações internacionais destacam que esses episódios não são isolados e que contratos temporários e terceirizados na área de IA geram vulnerabilidade e insegurança generalizada. No Quênia, Turquia e Colômbia, trabalhadores de IA e moderadores de conteúdo também estão formando sindicatos e associações para lutar por salários justos e apoio à saúde mental.

Um porta-voz do Google declarou:
“Esses indivíduos são empregados da GlobalLogic ou de seus subcontratados, não da Alphabet. Como empregadores, a responsabilidade pelas condições de trabalho é da GlobalLogic e seus parceiros.”
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Enquanto isso, os profissionais que permanecem na empresa vivem sob clima de medo, evitando manifestações por receio de novas demissões. O caso levanta preocupações sobre a ética na terceirização de trabalhos essenciais para o desenvolvimento de inteligência artificial.
Fonte Olhar Digital